sábado, 29 de agosto de 2020

COBERTURA VIVA - PARTE 3


Benefícios da Cobertura Viva

Segundo levantamento bibliográfico, os telhados verdes trazem contribuições significativas para a sociedade e para as edificações. Os benefícios vão desde a melhoria das condições termo acústicas a fatores psicológicos que interferem no bem estar das pessoas.

Estéticos, terapêuticos, lazer e social
Como forma de suavizar as paisagens dos grandes centros urbanos, a cobertura viva se torna uma solução eficiente para o aumento das áreas verdes havendo a possibilidade de criar jardins onde antes, não havia espaço. A cadeia da construção civil apresentou nos últimos quatro anos, um expressivo crescimento, sendo que em 2007, representou 8,5% do PIB brasileiro, contribuindo com R$ 187 bilhões em 2007 (FGV, 2008). Comparando com o crescimento do país, de 3,7% entre 2005 a 2006 e 5,4% entre 2006 a 2007, a cadeia da construção registrou números mais expressivos: 4,6%%, 7,9% e 10,2% respectivamente entre 2006 a 2009, conforme figura 1 (IBGE, 2008 apud RANK, 2009).

Com esse crescimento, a diminuição das áreas verdes nas grandes cidades e o crescimento do número de construções com uso de materiais cimentícios e cerâmicos, tem como consequência o aumento da impermeabilização na superfície do solo.


Figura 1 - Crescimento anual médio do PIB da construção e do PIB Brasileiro.
Fonte: IBGE (2008) apud RANK (2009).


Ao invés de enxergarmos além da linha do horizonte apenas grandes construções como galpões, indústrias, prédios residenciais entre outros, temos a possibilidade de ver parques e jardins e usufruirmos da beleza que eles poderão trazer para as cidades.

As coberturas verdes como possibilidade de geração de renda com o cultivo de plantas ornamentais (Figura 2), medicinais e temperos domésticos, já é uma realidade em alguns países do mundo e possibilita profissionalizar e empregar pessoas, caso os produtos sejam comercializados, proporcionando um novo segmento sócio econômico.


Figura 2 - Exemplo de cobertura viva ornamental.
Fonte: www.envec.com.br (2011).


Produção de alimentos
Segundo Tomaz (2007), o cultivo de alimentos em telhados verdes já é feita na Rússia, Tailândia, Colômbia, Haiti e Canadá.

O Hotel Fairmont Waterfront, em Vancouver na Columbia, com 2100 m² de jardim, se tornou um dos primeiros a ter uma cobertura viva. A economia em seu restaurante é cerca US$ 30.000 (Trinta mil dólares) e tem mais de sessenta variedades de ervas, legumes, frutas e flores comestíveis bem como mais de dez espécies diferentes de aves no local (KLINKENBORG, 2009).

A desvantagem dessa produção é que as plantas absorvem facilmente a poluição atmosférica e em lugares onde o nível de poluição é muito alto, não é recomendado o consumo desses produtos.
 

Econômicos
Esse é um dos fatores que tornam a cobertura viva um sistema construtivo eficiente, já que recuperam um espaço desperdiçado e os torna habitáveis ampliando a área útil do imóvel. Além desse fator relevante, outros se tornam atrativos quantos sua aplicabilidade.

Em São Paulo e no Rio Grande do Sul essa ideia já está sendo difundida tornando possíveis benefícios em menor escala como economia de energia, diminuição das ilhas de calor e aproveitamento das águas de chuva. É válido ressaltar que as coberturas verdes podem gerar benefícios em grande escala o que só será possível se a utilização desse sistema for mais utilizada.
 
Vida útil da cobertura
Segundo Givoni (1976) apud Araújo (2007), a cobertura é o principal elemento de exposição ao processo de trocas térmicas entre o interior e o exterior da construção. São submetidos aos efeitos do clima, que com a radiação solar, as perdas de calor à noite e as chuvas sofrem mais do que qualquer outra parte da edificação.

Materiais usados na construção civil armazenam radiação solar e reemitem essa radiação na forma de calor, tornando as cidades até 17º C mais quentes. O acúmulo desse calor durante o dia devido às propriedades de absorção dos 
materiais utilizados na construção comprometem a durabilidade e desgaste dos mesmos reduzindo consequentemente a vida útil da edificação (PIERGILI, 2007).

Segundo Heneine (2008), a exposição ao sol pode acelerar o envelhecimento de materiais betuminosos e a radiação solar muda a composição química e consequente degradação das propriedades mecânicas desses materiais.

Com a aplicação de cobertura viva sobre o telhado convencional, a vida útil da cobertura é melhorada. Segundo Abreu (2009), “os telhados verdes reduzem também os efeitos danosos dos raios ultravioletas, extremos de temperatura e os efeitos do vento, uma vez que nesses telhados a temperatura não passa de 25º C contra 60º C dos telhados convencionais” e...“ tem um ciclo de vida de 2 a 3 vezes mais longo do que as telhas utilizadas em telhados convencionais.”

Eficiência energética
Dados informam que da energia elétrica consumida no Brasil, 23% é utilizada em edificações residenciais, 11% comerciais e 8% públicas, totalizando 42% da energia nacional e em edifícios comerciais e públicos no Rio de Janeiro, o consumo de energia elétrica chega a 50% no verão por causa do ar condicionado e a 70% em prédios que utilizam vidro (LAMBERTS, 1997).

Segundo Lamberts (1997), um quarto pilar deve ser acrescido no triângulo de Vitrúvio: a eficiência energética. Dando ênfase a essa declaração, os profissionais da construção civil responsáveis em fazer projetos, podem assegurar-se que estão especificando além de durabilidade, beleza e convivência, meios de garantir o consumo de energia. Materiais de construção como tipo de telha e vidro, decisões quanto a melhor localização de janelas e portas para desfrutar da ventilação cruzada, aproveitamento da luz natural e paisagismo têm forte influência nas condições do interior dessas edificações.

O problema do consumo de energia é mundial. Percebemos essa problemática quando foi imposto pelo governo brasileiro o racionamento de energia e todos foram incentivados a trocar as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes, a não tomar banho em horários de pico, etc. No setor civil, foi criado nos EUA em 1993 o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), um sistema de classificação de edificações desenvolvido pela organização United States Green Building Council (USGBC) a partir de critérios de sustentabilidade ambiental onde a certificação impõe às construções medidas ecologicamente corretas como estabelecer nível mínimo de eficiência energética para a construção e verificação dos sistemas de energia instalados e seu desempenho. No Brasil, as normas LEED foram iniciadas em 2004 (LAMBERTS, 1997). Embora o custo da certificação LEED seja caro, cerca de US$ 750 (Setecentos e cinquenta dólares) para obras até cinco mil metros até US$ 7,5 mil (Sete mil e quinhentos dólares) para obras com mais de 50 mil metros (LAMBERTS, 1997), não permitindo a certificação para a maioria das empresas, muitas decisões para diminuir desperdícios são tomados ainda no canteiro de obras. Na era do aquecimento global, muitas ações podem ser tomadas para diminuir o impacto no planeta, onde toda a cadeia produtiva tem que se engajar numa transformação que envolve diminuir o consumo de materiais e o desperdício.

Em busca de novas tecnologias para tornar as edificações sustentáveis, o telhado verde foi resgatado da antiguidade e tem sido um aliado na diminuição das ilhas de calor nas grandes cidades reduzindo as temperaturas internas das edificações, ajudam a melhorar a qualidade do ar e a controlar o efeito estufa e favorece o clima do entorno. Segundo Spangenberg (2004), a cobertura viva é eficiente na redução da temperatura das coberturas em 15º C, dando aos moradores das edificações conforto térmico com consequente diminuição do uso do ar condicionado e redução do consumo de energia. 


  
Figura 3 - Comparação da temperatura interna de materiais utilizados em telhados.
Fonte: LAAR (2002) apud ARAÚJO (2007).


A idéia de reabilitar edifícios e espaços dando novas funções urbanas e ambientais às edificações, torna o uso das coberturas verdes uma eficiente possibilidade de regeneração para a atmosfera que se tornam “pequenos pulmões” por criarem corredores verdes em meio das grandes muralhas de pedras das cidades (VILELA, 2005).

Spangenberg (2004) diz que os principais benefícios da vegetação em climas quentes são os de reduzir a radiação solar e de diminuir a temperatura do ar devido ao sombreamento e evapotranspiração. Temperaturas baixas são essenciais tanto para melhorar as condições de conforto térmico como também para limitar o uso de energia para resfriamento.

Muito interessante, não? Na próxima postagem falaremos sobre os benefícios ambientais. Até lá!

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