Certa vez, assim que iniciei as atividades em uma multinacional, logo me foi dada pela diretoria a missão de desligar 2 colaboradores da equipe que assumi. De acordo com as informações iniciais, um era por ser limitado na função, apesar do tempo de casa (15 anos) e o outro, porque era uma pessoa difícil e muito explosiva.
Obviamente que procurei ganhar tempo para avaliar os dois, já que o primeiro estava atuando em uma função diferente daquela em que se destacou na empresa tempos antes e, o outro, apesar de ser realmente muito “sangue quente”, fazia um ótimo trabalho.
Aquele que era limitado, tinha um ótimo desempenho para conduzir algumas operações e lidar com clientes internos e externos, porém estava em uma atividade completamente diferente dessas características. Era como se, no futebol, você colocasse um ótimo zagueiro para atuar de meia atacante. Na verdade, aceitou ser deslocado para essa função, atendendo ao pedido de um “gestor amigo”, sob o argumento que seria temporário. Só que foi ficando, ficando e acabaram se acomodando com ele por lá.
Já o outro, era excepcional em fazer a gestão de todas as suas responsabilidades. Custos, recursos, logística, terceiros. Era um ótimo profissional mas, tinha um problema sério para abordar pessoas e era muito reativo em alguns casos.
Enfim, durante minha caminhada por lá, busquei ajustar as condutas de ambos às expectativas da empresa. Do nosso amigo “limitado”, extraí suas melhores competências para adaptar na função que exercia. Já com o “esquentadinho”, fiz um acompanhamento muito próximo, intervindo sempre que percebia que a “chapa ia ficar quente” e orientando sobre como lidar com situações adversas sem “partir pra briga”. Em ambos os casos, me fiz bastante presente. Afinal, acreditava no potencial dos dois.
No fim das contas, acabei saindo da empresa e eles ficaram, para minha grande satisfação. Um finalmente voltou para sua função anterior e o outro se tornou uma referência para todos os departamentos. E melhor! Pouco depois de minha saída, soube que ambos foram promovidos!
Essa experiência mostra que nós gestores, não devemos jamais tomar a demissão como primeira medida para soluções de problemas. Na verdade, agindo assim, assinamos um atestado de incompetência! É importante conhecer a equipe, ajustar conforme as habilidades e competências de cada um e, corrigir e orientar quando necessário.
Ser líder não é para fracos...